Friday, May 29, 2009

Trabalhando na Italia

Comecei a trabalhar quarta-feira. Hoje sera meu terceiro dia. Ele me ligou quando eu estava em Roma, perguntando quando eu poderia comecar. Aqui falta gente para trabalhar. Pagam pouco, entao os italianos preferem ficar em casa, mesmo que estejam desempregados.

Eu expliquei a ele que nao tenho permissao de trabalho e ele nao se importou muito com isso. Mas queria que eu me comprometesse a trabalhar todos os dias ate o final de setembro. Eu disse que nao posso, pois quero viajar e curtir quando meu namorado e amigos vierem me visitar. Entao combinamos que ele vai procurar outra pessoa fixa e me chama quando precisar. Por enquanto, tem precisado todos os dias.
O trabalho eh tranquilo. Fico no bar servindo bebidas. Diferentemente de Dublin, o ambiente eh bem mais relaxado. Ainda como pizza de graca todas as noites. Nao posso reclamar.

Roma em dois dias

Passei segunda e terca-feira em Roma. Cheguei la depois de oito horas de viagem. Digo que cada minuto valeu a pena. Que cidade lindaaa!
Fui com o Sergio, o rapaz que conheci na Internet e esta me hospedando na casa dele ate agora. La em Roma dormimos na casa de outra couch surfer, que ele conheceu em uma festa organizada pelo pessoal do web site.
O Sergio morou em Roma por um ano, entao nesses dois dias percorremos a cidade inteira. Estava um calor infernal. No primeiro dia percorremos tudo com as nossas mochilas nas costas. Nossa gasolina era cerveja, paravamos para abastecer quando a energia estava para acabar. Entao tive uma visao mais alegrinha da cidade...
Mas vou ter que voltar para entrar no Vaticano. Nao pude entrar por nao estar apropriadamente vestida. Alias, fiquei revoltada com a igreja catolica nessa viagem. Todo o marmore do Coliseu e de outras construcoes antigas dos Romanos esta la no Vaticano. Alem disso, colocam cruz e inscricoes catolicas em tudo de importante na cidade: Pantheon, Coliseu, Arcos, torres...
Fora isso, amei tudo. O Sergio eh um super companheiro de viagem e a cidade maravilhosa. Dois dias perfeitos!

Sunday, May 24, 2009

Pergunta: Onde ficar e indicacao de assessor.

Recebi a seguinte pergunta:
Estava procurando na internet sobre cidadania e achei o seu blog. Sobre os documentos ja estao legalizados, preciso saber agora pra onde ir, onde ficar... Se vc souber de algum assessor confialvel, ficarei agradecido. Rafael
Oi, Rafael.
Pelo que fiquei sabendo, algumas comunes demoram mais do que outras para fazerem o processo de reconhecimento da cidadania. Geralmente as cidades grandes como Roma e Milao tem muita fila. Algumas cidades pequenas, porém, nem sabem o que é e como fazer.
Eu estou fazendo o meu processo na comune de Torino, mas estou aguardando aqui na Calabria. Nao acho que fiz a melhor escolha, pois uma cidade esta no lado oposto da outra. Se eu precisar voltar por causa da residencia ou quando tiver que assinar a documentacao, serao 15 horas de viagem de trem.
Se voce procurar no Google vai encontrar diversos assessores. Peca o orcamento a eles. Aqui no blog, um dos primeiros posts é "Conversa com um brasileiro que tirou a cidadania na Italia." Ele indica uma assessora que fica em Veneza e que cobra menos. Eu estou fazendo com uma em Torino, que me parece confiavel, mas so poderei dizer com certeza quando receber os documentos.
A minha intencao antes era de fazer sozinha, mas ouvi falar que é complicado por causa da residencia.
Outra coisa: Voce nao precisa ficar aqui na Italia ate sair a cidadania. A maioria inicia o processo e depois de uma semana ja retorna para a cidade onde reside e trabalha. Voce vai ter que voltar depois de dois ou tres meses para assinar a cidadania. Eu é que decidi ficar para fazer uma experiencia diferente.
Espero ter te ajudado. Qualquer outra duvida, pode perguntar.
Abracos,
Paula

Saturday, May 23, 2009

Para vir me visitar...

Estou isolada do mundo. O aeroporto de Reggio Calabria so recebe voos internos.
Para meus amigos e namorado que vem de Dublin nao ha muitas opcoes. Ryanair, o mais perto que chega, é Trapani Silicia - que fica do outro lado da Ilha. Ela fica a cinco horas de distancia no trem e mais uma no barco ate aqui.
Aerlingus vai a Napoles, tambem a umas cinco horas de distancia. Se descer em Roma, chega-se aqui em oito horas. Aconselho pegar o trem da noite, se essa for essa a escolha.
Outra opcao, dependendo das promocoes de aviao, seria ir a Londres e depois Londres-Lamezia, que fica aqui perto de Reggio Calabria.
E depois tambem tem a volta...
Por isso, amigos que prometeram me visitar, quando vierem tentem ficar mais tempo. Pecam ao mernos uma semana de folga no trabalho. Eu, da minha parte, estou mudando de ideia sobre o apartamento. Tem um outro, um pouco mais longe e um pouco mais caro, mas que posso receber visitas. Assim, quando vierem, tem onde ficar.
Sei que da trabalho chegar aqui, mas vale a pena. Reggio Calabria é distante, mas muito bonita!

Friday, May 22, 2009

Acqua e sapone

Ontem fui ver um apartamento. O rapaz me ligou um pouco depois dizendo que a vaga provavelmente ja nao estaria mais disponivel, mas que o amigo do chefe dele teria algo a oferecer. Fomos hoje entao eu e o tal do amigo do chefe dele ver o apartamento.
Ele se chama Nino, que vem de Antonino. Nao sei a idade, mas imagino uns 48. Trabalha selecionando meninos para um time de futebol aqui da Calabria. Acho que se chama Reggina o time
O apartamento fica a uns 10 km de Reggio, na regiao de Lazzaro. O apartamento é uma graca. Quarto, sala, banheiro, cozinha, tudo sò para mim. O problema, de inicio, era so a localizacao.
Quando eu perguntei o preco, ele nao quis dizer. "Depois a gente ve", dizia ele. Saimos do apartamento e o Nino me levou de carro mostrando onde fica o supermercado, a farmacia, os restaurantes, a praia e tudo mais. E ai perguntou se eu tinha tempo. Eu disse que sim, infelizmente.
Ele comecou entao a viajar, a ir cada vez mais longe, mostrando todas as praias da costa do Mar Ionio. Entrava em uma cidadezinha apos a outra e a viagem nao acabava mais! A vista era linda, mas era a conversinha dele estava me dando enjoo.
Ele me ofereceu uma semana de graca no apartamento para ver como eu me adapto. Consegue me arranjar um carro ou uma scooter. Eu nao sei dirigir Scooter, mas ele me ensinaria a dirigir. Consegue um emprego para mim na regiao. Vai me levar para passear no barco dele para me mostrar toda a "belezza" da Calabria. E ainda, para eu nao ficar sozinha, iria frequentemente ao apartamento para me fazer companhia. Que bonzinho, nao é?
Acho que gosta das brasileiras. Contou que teve uma historia com uma do Panama. Disse que as brasileiras sao "Acqua e Sapone". Ou seja, bonitas naturalmente, "senza truco".
Agua e sabao era eu escorregando das perguntas pessoais e propostas "irresistiveis" dele. Sem contar o nervoso que eu passava no carro. Cada vez que ele tentava me explicar algo, tirava as duas maos do volante para falar melhor. Eu grudava no banco e dizia que entendia. Fiquei de ligar para dar uma resposta: No, Grazie!

Achei onde morar

Achei meu novo lar. Um quarto grande, bem no centro da cidade. O apartamento tem dois outrs quartos - uma estudante em cada -,um banheiro e uma cozinha. Por mes, vou pagar 160 euros. O unico problema é que nao posso receber visitas... Mas sei la se realmente vem me visitar. Como dizem os italianos, "Tra dire e fare c'è di mezzo il mare". Quando vierem, se vierem, vejo como fazer. Mas espero que venham! :0)

Thursday, May 21, 2009

Vinho de caixinha




Estou sozinha na casa do Sergio tomando vinho de caixinha. Eh tipo caixa de leite, mas tem vinho dentro. Bom e barato.
Hoje acordei e fiz uma faxina no apartamento dele. O minimo que posso fazer para agradecer sua hospitalidade. Depois fui ver um apartamento e depois outro. Depois voltei e fiz meu jantar: peito de peru com salada. Precisava sair um pouco da massa, todo dia nao da. Agora estou aqui, tomando vinho de caixinha e colocando fotos no meu blog.
Amanha vou ver mais dois apartamentos. Os de hoje ate que eram bons. Mas um muito caro e longe, apesar de espacoso. O outro pequeno, mas bem barato. Espero decidir ate sabado. Domingo viajo para Roma e, quando voltar, quero ir para o meu apartamento. Nao ha nada como a nossa propria casa.

Wednesday, May 20, 2009

Procurando casa

Passei hoje o dia todo procurando casa. Comparado com Dublin, o aluguel aqui eh muito barato. Eh possivel alugar um apartamento sozinho por 300 euros. Em Dublin, o mesmo apartamento nao sairia por menos de mil.
Mas como vou ficar dois meses apenas e nao posso fazer contrato, estou procurando um quarto em apartamento de estudantes. O preco varia entre 120 e 250 euros por mes.
Hoje fui ver um quarto perto da faculdade de arquitetura. Encontrei pelo site http://www.easystanza.it/. O apartamento eh bonitinho, mas nao gostei do cara que mora la. Eh o filho da dona do apartamento. Eu queria saber se posso receber meu namorado e amigos por poucos dias e ele disse que a visita teria que pagar diaria de 10 euros. Eu nem sei se alguem vem me visitar, mas nao acho legal eu pagar pelo quarto e nao poder fazer nada com ele.
Amanha vou ver outro apartamento, espero ter mais sorte.

Tuesday, May 19, 2009

Arrumei emprego

Na verdade foi o Sergio que arrumpou para mim. Fui conversar hoje com o dono da pizzaria e ele pediu para eu comecar domingo. Ele paga 30 euros por dia e o horario eh das seis da noite ate uma da manha – um pouco mais de 4 euros a hora.
Da para entender porque tem tanto italiano trabalhando na Irlanda. Fazendo o mesmo horario la, eu ganharia 63 euros, mais gorjeta. Ou seja, muito mais que o dobro. Nao conto com gorjeta na Italia porque nao eh da cultura deles.
Eu sai da entevista nao muito convencida... Nao eh so porque o salario eh baixo, mas ele precisa de alguem que trabalhe todos os dias por todo o verao. Vou perder a minha liberdade por miseria... Meu namorado e amigos ficaram de me visitar e eu vou ficar trabalhando? Hum, nao sei...
Semana que vem o Sergio chega da polonia passando por Roma. Ele pediu para eu encontra-lo la, assim vamos descendo juntos e paramos em Napoles e Pompeia no caminho de volta. Eu teria que sair daqui domingo, mas trabalhando ja atrapalha tudo.
Liguei para o dono da pizzaria e disse que tinha me esquecido, mas nao poderei trabalhar domingo. Ele disse para eu ligar quando voltar de viagem. Ah, nao sei se vou ligar.

Sozinha, mas bem amparada

O Sergio vai viajar hoje a noite, mas disse que eu posso ficar no apartamento. Ele já tinha dito isso antes de me conhecer, por MSN, mas eu não tinha levado a serio. Eu ainda nao sabia que existia gente assim no mundo.

Jantar chique

Depois da pedalada, voltamos ao apartamento e enfiamos nossos tênis na maquina de lavar. O Sergio disse que teria que sair, mas que eu ficasse pronta, pois a noite iríamos comer bem. “Estou cansado de porcarias”, disse ele.
A noite, antes de irmos ao restaurante, passamos em uma pizzaria. O Sergio me apresentou ao dono do local, que é seu amigo, e perguntou se estava precisando de alguém para trabalhar. Ele pediu para eu voltar amanha, às seis e meia, para conversarmos.
Seguimos ao restaurante. Era afastado da cidade, grande, chique e com vista para o mar. O proprietário é anunciante da radio e seu amigo. Quando chegamos, os garçons cumprimentavam o Sergio, que seguiu direto para a cozinha e acenou para o Chef.
À mesa, nem olhamos o cardápio. O Sergio disse ao garçom que confiava no chef e que trouxesse o que ele sugerisse. O que aconteceu depois disso vai ser difícil de descrever sem ficar com agua na boca. Era um prato melhor do que o outro. Frutos do mar como entrada, massa com lagosta, caranguejo e camarão como primeiro prato e peixe assado como segundo. Vinho branco e pão acompanhando um dos melhores jantares da minha vida. No final, não tivemos que pagar nada. O proprietário deve dinheiro ao Sergio e desconta da divida final.
Voltamos ao apartamento e assistimos a dois filmes italianos, um atrás do outro. É, definitivamente estou bem mais feliz com a minha decisão de ter vindo a Calábria.

Pedalando pela Calábria




O Sergio me levou para tomar café da manha em uma doceria maravilhosa no centro da cidade. Eu tinha visto um doce na vitrine e perguntado o que era, então ele pediu um para eu experimentar. Hummmm, chama-se cagnolo di ricota azucherata. Mamma mia, muito bom!
Depois daquela bomba calórica, eu perguntei se ele queria correr ou andar de bicicleta. O tempo estava meio nublado, mas gostou da idéia. Ele tem duas bicicletas, uma delas estava na casa dos pais. Depois de limpar, passar óleo e encher o pneu das duas, saímos pedalando.
Passeamos quase o tempo todo acompanhando a praia. O tempo começou a abrir e por todo o caminho eu via aquele mar azul e a ilha Sicilia, gigante, cada vez mais visível com a chegada do sol.
Um pequeno rio, ou esgoto, cortava o nosso caminho e decidimos atravessá-lo com as bicicletas. Péssima idéia, nossos tênis ficaram encharcados daquela água de origem duvidosa. Continuamos pedalando. O caminho era cheio de subidas e descidas. Paramos para tomar cerveja e planejamos um dia passearmos de bicicleta pela Sicilia. Descansamos um pouco na praia feita de pedrinhas e depois voltamos. Fizemos uns 50 quilômetros ente ida e volta. Eu estava morta, mas mais feliz com a minha decisão de vir a Calabria.

Primeiro dia na Calábria


Não dizia nada, mas o Sergio viu que eu estava cansada e me levou de volta ao apartamento. Disse para eu me deitar no quarto, tomar banho e ficar a vontade que ele voltaria mais tarde para sairmos. Eu achava que não estava com sono. Entrei na Internet, tomei banho, lavei a louça do almoço e deitei.
Acordei umas quatro horas depois, com o barulho do Sergio chegando. Ele foi para a sala, não ia me acordar. Decidimos sair para comer algo.
Coincidência ou não, ele me levou a um pub irlandês. A dona do bar, os garçons, todos conheciam o Sérgio. Ele me contou que como DJ já fez varias festas neste e em diversos outros pubs da cidade. Agora já não toca mais com tanta freqüência, pois pagam mal. No lugar, empresta e monta os equipamentos de som para as festas.
Quando ele me deixou sozinha na casa, tinha ido montar os equipamentos em uma discoteca. Saímos do pub e fomos à discoteca onde estavam seus equipamentos. Ali também todos o conheciam, entramos sem pegar fila e bebemos de graça.
Não ficamos muito. Eu ainda estava cansada e decidimos voltar ao apartamento.
No caminho de volta, começamos a conversar sobre Second Life. “Aqui na Itália estão todos naquela cazzata de Facebook. O povo daqui é muito atrasado!”, dizia ele. La no apartamento ele me mostrou seu Avatar, um personagem moreno, musculoso e cabeludo. Fomos ao Rio de Janeiro, a uma festa do pijama e viajamos de um lado a outro – tudo na second life.
Na vida real, capotei de sono e ele dormiu logo depois. Ainda estava me recuperando daquela viagem de trem.

Chegada a Reggio Calabria

Meu trem chegou pontualmente no sábado, ao meio dia. Estava chovendo, fazia um tempo horrível. Andava pela estação, mas não via o Sérgio e nem ninguém que se parecesse com a foto que tinha dele. Telefonei e ele atendeu, dizendo que estava preso no transito e logo chegaria.
Depois que desliguei o telefone, em dois minutos ele chegou. Parecia mais alto do que na foto, por isso não o reconheci de imediato. Ele andou com certeza em minha direção, cumprimentou-me com um sorriso aberto de como se já me conhecesse. Pegou a minha mala mais pesada e colocou no carro.
O apartamento dele é uma graça. Tem um quarto somente, mas é bem espaçoso. Apresentou-me ao seu coelho velhinho, que já mora com ele há seis anos. Abriu um vinho e cozinhou uma massa enquanto conversávamos.
Eu disse que não estava cansada e que queria sair, conhecer a cidade e então ele me levou de carro para o centro. Achei a cidade feia. Por causa de uma série de terremotos, o único monumento histórico é o que sobrou de um castelo. Os prédios são modernos e feios, com roupas penduradas por todo lado. Estava começando a me arrepender por ter escolhido a Calabria...

Viagem de trem

Decidi viajar de segunda classe porque a passagem custava trinta euros a menos que a de primeira. Já sei que serão loongas quinze horas. A segunda classe é toda dividida pequenas cabines, com seis poltronas dentro. Três de um lado e três de outro, de modo que você tem que tomar cuidado pra não ficar encarando a pessoa que está na sua frente, nem deixar seus pés ou joelhos esbarrarem toda hora.
Quando cheguei éramos apenas eu e dois homens. A minha poltrona ficava no meio, de frente a eles. Isso porque eu pedi, e paguei três euros a mais, para sentar na janela!
Quando cheguei os dois agarraram a minha mala pesada a enfiaram lá em cima, no lugar das malas, sem me perguntarem nada. Eles falaram algo que eu entendi como “aaaaaaaaaaaoooooo”. Agradeci a ajuda com a mala em inglês, imaginando que eram alemães ou ingleses, e sentei na minha poltrona do meio, de frente aos dois. Novamente eles tentaram se comunicar comigo e ai eu entendi que eles não eram gringos, mas surdos. Eu meio que adivinhava o que eles estavam perguntando e respondia alto e devagar para eles lerem meus lábios. Não sei se respondi o que perguntavam, mas pareciam satisfeitos.
O telefone de um deles tocou e eu fiquei curiosa. “Como que um surdo e mudo conversa por telefone?”, pensei e observei. Eles não falam nada, apenas fazem os sinais para a câmera do celular. O visor é grande e assim ele também pode ver os sinais da outra pessoa. O homem queria mostrar ao filho que seu trem já havia partido, então fazia gestos com a mão e mostrava a janela do trem. Apontou o telefone para o amigo que "conversou" da mesma forma e depois para mim, que dei tchauzinho.
Próxima parada. Entra na minha cabine outro homem dizendo que a minha poltrona era dele. Eu mostrei a minha reserva e ele a dele. As duas idênticas, realmente. Mas que desorganização desse povo do trem, além de me colocarem no meio, ainda vendem a mesma poltrona duas vezes!
O homem era muito simpático, mostrou-me a foto da sua bambina recém nascida no celular e contou que mora em Bari, mas trabalha em Torino. Uma bela distancia, por isso volta para casa somente nos finais de semana.
Quando passou a controladora do trem, ele mostrou a ela nossas passagens e perguntou se é possível que nós dois tenhamos a mesma poltrona. “Não, o senhor esta no trem errado.”, respondeu ela. “Ufa, ainda bem que não fui eu”, pensei aliviada.
Um dos surdos entendeu a historia, não sei como, e contou por sinais ao outro. Rimos muito. O rapaz quem pegou o trem errado não acreditava na propria sorte.“Imagina que se não tivéssemos a mesma poltrona eu teria me acordado na Calábria. O azar era sorte, no final”, nos dizia, rindo.
Ele desceu na próxima estação e no seu lugar um homem muito gordo sentou-se bem ao meu lado. A cabine estava lotada, cinco homens e eu. Tentei dormir, mas o gordo roncava demais.
Depois de quinze horas de tortura cheguei a Calábria. Espero que valha a pena!

Decisão final

Decidi ir diretamente à Calábria. A passagem de trem até la custa 58 euros, segunda classe, e a viagem dura 15 horas. Parto sexta-feira às 20:50 e chego sábado ao meio-dia. Conversei com o Sérgio do Couch Surfing, ele disse que me recebe. O único problema é que segunda-feira ele viaja para a Polônia, vai a uma festa organizada pelo pessoal do website, que dura cinco dias. Eu tenho sofá por dois dias e depois preciso encontrar outro lugar para ficar.
Decidi não ir à Irlanda por vários motivos. O primeiro é que não tenho mais meu apartamento em Dublin e não quero abusar da hospitalidade dos pais do meu namorado. Sei que seria bem vinda, mas não me sinto bem. Meu namorado está estudando para seu curso de piloto de avião e eu lá, desocupada, só iria atrapalhá-lo. Morro de saudades, ele insiste para eu voltar e a tentação é grande. Eu poderia procurar trabalho, mas com a crise em que está aquele país, será difícil.
Decidi passar o verão na Itália. Aqui já está fazendo quase 30 graus, enquanto que na Irlanda comemora-se quando o termômetro marca quinze. A Itália é um dos países mais interessantes da Europa, passar o verão por aqui não vai ser nada ruim. Além do mais, depois que voltar para o Brasil, vai saber quando terei a oportunidade de vir à Itália novamente.
O Sérgio também tem me encorajado muito. Diz que seguramente encontro emprego e um lugar para morar na Calábria.
Sardenha e Isola d’Elba são lugares mais bonitos e turísticos, mas também por isso o custo de é maior.
Finalmente, decidido. Vou esperar a minha cidadania italiana na região onde nasceu meu bisavô.

Diz que me disse, mas pode ser verdade

A Maria me contou hoje que um contato dela de dentro do consulado de Belo Horizonte disse que eles estão planejando modificar o prazo para legalização dos documentos de dois meses para dois anos. Parece que estão descobrindo muitos documentos falsificados, não registrados em cartório.
Cada ano que passa torna-se mais difícil aos brasileiros terem sua cidadania italiana reconhecida. Há pouco tempo atrás, a legalização dos documentos era feita diretamente na Itália. Hoje, os documentos precisam chegar aqui já legalizados pelos consulados italianos no Brasil.
O consulado de São Paulo passou todo o ano de 2008 fechado para legalização e ainda não abriu. O de Curitiba esta agendando somente para 2011. Belo Horizonte vai fechar para legalização todo o mes de junho.
O que estão dizendo é que quem não correr atrás da cidadania italiana agora, não tira mais. A historia do consulado de BH não foi confirmada, mas pode ser verdade.

Onde será o amanhã?

Preciso sair da casa da Maria em dois dias e ainda não sei para onde ir. Quando vim à Itália deixei meu trabalho, sai do apartamento que alugava em Dublin, peguei quase tudo e vim preparada para ficar, no mínimo, dois meses – até ficar pronta a minha cidadania. Mas, somente aqui em Torino, descobri que não precisava ter feito nada disso.
Eu decidi contratar a Maria no ultimo momento. A minha intenção antes era fazer tudo sozinha – e aí sim precisaria ficar todo o tempo na Itália. Ela também não tinha me falado antes, mas aqui fiquei sabendo que ela pode fazer a minha residência e entregar os documentos ao consulado em uma semana. Depois disso, estou liberada.
Diz a regra que a residência só é aprovada depois que o fiscal passa no seu endereço e comprova que você esta morando ali. De acordo com a Maria, porém, o fiscal passa no endereço e não precisa ver você fisicamente. É suficiente que ele leia seu o seu nome na entrada do prédio, se for apartamento, na caixa do correio e na campainha. Somente depois que o fiscal aprova a sua residência, o consulado faz o pedido de Não Renuncia e, após a resposta – de 30 a 60 dias-, a cidadania é reconhecida.
Mas agora sinto uma pressão por parte da Maria para sair da casa dela já amanha. Eu não a culpo, pois quando cheguei a Torino e vi o apartamento onde iria morar, disse que não ficaria ali. Eu também não me culpo, pois ela não tinha me dito nada sobre dividir quarto com criança. Ela sugeriu que eu ficasse na casa dela, já dizendo que em uma semana eu poderia ir embora. Eu aceitei, mas não tinha um plano para depois. E nem tenho agora.
Estou vendo preço de passagens de avião e de trem. Minha cabeça não pára, entre e ontem e hoje já decidi que iria:
- Voltar à Irlanda e ficar com meu namorado, na casa dos seus pais, até sair a cidadania;
- Ir para Paris ficar com a minha amiga que mora lá por uma semana e depois ir à Irlanda até sair a cidadania.
-Comprar um passe de Euro Trem, que me permite viajar várias vezes por um preço fixo. Assim, vou descendo de trem por toda Itália até chegar à Calábria;
- Ir à Isola d’Elba, onde ouvi falar que é muito bonito;
- Ir à Sardenha, onde ouvi falar que é muito bonito;
- Ir diretamente à Calábria e ficar no sofá do Sergio, o DJ que conheci pelo site Couch Surfing, com quem converso ainda hoje por MSN. Ele sempre diz que posso ficar na casa dele o tempo que precisar e que me ajuda a encontrar trabalho e a alugar uma casa;
- Negociar com a Maria e ficar em Torino até o fiscal passar.
Eu perguntei outro dia à Maria se ela tinha certeza de que o fiscal não pediria a minha presença.
Afinal de contas, se decido ir para longe não vou querer voltar em quinze dias. Ela garantiu que não. Eu tenho a impressão de que ela esta arriscando. Mas não quero – e nem posso- ficar na casa dela. A outra opção seria o apartamento onde tem a criança. Cruz ou espada? Vou-me embora, só preciso decidir para onde.

Thursday, May 14, 2009

A lógica da Não Renuncia, ou a falta dela

Estava perguntando à Maria outro dia o que é essa tal de Não Renuncia. Afinal de contas, depois que a residência é aprovada pelo fiscal, só falta isso para aprovarem a minha cidadania.
Ela me explicou que eles solicitam ao Brasil um documento afirmando que eu nunca renunciei à minha cidadania italiana. Rimos muito disso, como eu poderia ter renunciado a algo que nunca tive?
E será que algum dia já chegou uma "não renuncia" positiva? Como a pessoa fez? Imagina que alguém iria ao consulado italiano no Brasil, pegar 4 horas de fila, em horários super restritos, só para pedir a renuncia da cidadania italiana que ainda não tem.
Ma, va benne, Pazienza!

Documentos aceitos

A Maria conseguiu entregar os meus documentos na comune de Torino. Ela estava com medo porque la eles arrumaram problema uma vez com outra cliente. "Na falta do atestado de casamento, deveria ter a de óbito", exigiram antes. Ontem a Maria conversou com a responsável pelo departamento e ela disse que não teria problema com os meus documentos.
Hoje fui então solicitar o reconhecimento da minha cidadania italiana na comune de Torino. A mulher leu papel por papel. Aceitou o processo e, no final, escreveu no envelope uma observação de que os documentos todos são de São Paulo, mas foram legalizados no Rio de Janeiro. Assim, pode ser que peçam o certificado de “non rinuncia” no Rio também. Seria melhor se pedissem somente em São Paulo, mas a Maria disse que agora o Rio esta enviando a “non rinuncia” mais depressa agora.
Junto com os documentos declaramos a minha residência. Em quinze ou vinte dias o fiscal deve passar no endereço declarado para constatar que eu realmente moro ali. E, depois que ele aprovar a residência, a comune solicita a minha "non rinuncia" ao consulado italiano em São Paulo e talvez no Rio também. Deve demorar mais outro mês para responderem. Estou contando então que, entre quarenta e sessenta dias, a novela da cidadania italiana chega ao final, espero que feliz.

Wednesday, May 13, 2009

Skipe improvisado

Aprendi com outra cliente da Maria a usar o Skype. Meu laptop nao tem microfone embutido, entao conectei um fone de ouvido no buraco de microfone do computador. Eu nem imaginava que um simples fone de ouvido tambem serviria como microfone, mas funcionou.

Curiosidades sobre Torino




Torino tem 909.193 habitantes. Fica na região de Piemonte, no Noroeste da Itália.
Foi a primeira capital da Itália, entre 1861 e 1865. É o quarto comune italiano com a maior população, depois de Roma, Milão e Nápoles. Mas o terceiro pólo econômico do país, depois de Roma e Milão.Em 2006, foi sede da vigésima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Comunes da Italia e o rolo da Residencia

No Brasil não tem nada parecido com as Comunes aqui da Itália. Seria tipo uma prefeitura, mas aqui são várias, cada uma cuidando de um determinado território.
A casa onde estou hospedada agora fica na comune de Volpiano, que tem apenas treze mil habitantes. Volpiano eh uma das 315 comunes na província de Torino, o que faz dela a província com mais comunes de toda a Itália. Roma tem 120 e Milão 188.
É em uma comune onde faço a solicitação da cidadania italiana. E, em qual delas, vai depender de onde está registrada a minha residência.
Apesar de eu estar hospedada aqui na casa da Maria, ela diz que aqui, na comune de Volpiano, o pessoal não trabalha direito e o processo demora mais. Ela queria entrar com o meu processo na comune de Nichelin, também na província de Torino, onde o processo sai mais rápido - segundo sua experiência. Acontece que, para isso, eu preciso ser registrada em uma residência na comune de la.
Essa historia de residência também é complicada e não tem nada parecido no Brasil. A Maria compra essas residências para os clientes dela, dependendo da comune onde vai dar entrada. E é por isso que a assessoria deles sai cara. Ontem o contato dela queria cobrar 1500 euros para vender a residência em Nichelin.
A Maria consegue uma residência para mim em Torino. O problema é que meu bisavô não se casou com a mãe do meu avo. E também a certidão de óbito dele não foi encontrada. Segundo a Maria, na comune de Torino, isso poderia dar problema. Mas esse detalhe não seria problema na comune de Nichelin. Cada comune tem suas próprias regras.
Hoje a Maria vai à comune de Torino tentar fazer com que aceitem a minha documentação mesmo sem o atestado de óbito e de casamento. O Franco, marido dela, vai a comune de Nichelin tentar encontrar uma residência mais barata.
Eu estou aguardando. Em Torino ou Nichelin, só espero poder dar entrada no meu processo de cidadania ate amanhã.

Tuesday, May 12, 2009

Polcheira

Segunda-feira, antes de fazer o meu CPF, fomos buscar o Polcheira no aeroporto. Ele é brasileiro, tem seguramente mais de 40 anos, casado com três filhos já grandes. Mora e trabalha em Londres há mais de dois anos. Também é cliente da Maria e está solicitando a cidadania italiana pelo bisavô.
A tarde, a Maria foi visitar um bebê, filho de uma amiga, que estava com catapora. Eu e o Polcheira fomos passear por Torino.
Andamos muito e acabamos tomando cerveja em um bar perto do museu de cinema. O Polcheira é graduado em engenharia mecânica com pós-graduação em Marketing. Trabalhou anos na Singer e em outras duas empresas grandes gerenciando equipes em cargos de chefia. Atualmente ele trabalha com faxina em Londres, limpando chão e banheiro de um pub, além de cuidar do jardim da casa de uma senhora.
"Mas você não sente falta de fazer o que gosta?", perguntei abismada. Ele diz que não. Ama engenharia, gostava da profissão, mas estava sempre estressado e, financeiramente, não compensava. Ele disse que encara seu novo trabalho da seguinte forma "Quando estou lá, com a vassoura na mão, limpando aquele local enorme, eu suo pra caramba. Então é como se eu estivesse em uma academia, mas recebendo dinheiro para isso".
Aqui pela Europa está cheio de engenheiro fazendo faxina, advogado lavando prato e garçons com pós-graduação. Financeiramente compensa. Trabalhando bastante, tira-se aproximadamente dois mil euros por mês, quase seis mil reais.
Para mim, compensa por um tempo, como uma experiência. Trabalhei por quase dois anos como garçonete em Dublin. Ganhava bem, consegui viajar bastante. Mas sentia, e ainda sinto, muita falta de fazer o que gosto.

Meu CPF na Italia

A primeira coisa que se faz na Itália antes de solicitar a cidadania é o CPF. Sem ele, ninguém faz nada. Segunda-feira o Franco, marido da Maria, foi comigo ao Comune. Ele tinha um amigo que conhecia alguém la dentro. Nem pegamos fila, em menos de 15 minutos já estava com o meu CPF italiano em mãos

Sunday, May 10, 2009

Trem de graça

Quando você compra o bilhete para o trem de Volpiano a Torino, tem uma maquina perto da bilheteria onde se valida o bilhete. A maquina vai imprimir nele a data e horário em que foi adquirido. Esse é o único controle, não tem catraca e nem funcionários checando o seu bilhete na entrada do trem.
Ontem comprei a passagem de ida e a de volta. Na ida, a Maria estava comigo e me ensinou a validar o bilhete. Mas, na volta, eu estava sozinha e esqueci completamente de valida-lo. Mas tudo bem, porque não tinha nenhum fiscal no meu trem.
Hoje, na ida para Torino, a Maria falou que não precisávamos comprar bilhetes, pois nem tinha muita fiscalização. Ela tem a carteira mensal, eu tinha o meu bilhete não validado de ontem e a Daiane não tinha nada. E é claro que neste trem tinha fiscal.
Para a minha surpresa, a única coisa que ele fez foi validar o meu bilhete e cobrar 2,60 da Daiane que pagou ali mesmo para ele. Se ela tivesse comprado antes teria saído por 2,10. Nem cara feia ele fez... Se a "multa" é de 0,50 centavos, o estranho é que alguém compre o bilhete antes de entrar no trem. Ou o povo é muito honesto, ou a companhia que administra os trens vai a falência logo, logo.

Banhos de balde

Mais um banho de balde hoje. Pior foi lavar o cabelo jogando copo de agua na cabeca. Demorei tanto que no final a agua ja estava fria, quase morri congelada. Mas a gente se adapta a tudo...

Domingo em Torino


Fui a Torino hoje novamente. Desta vez a Maria e a Daiane foram também. Maria é a mulher que esta fazendo meu processo e Daiane é outra brasileira, cliente como eu. Ela esta só esperando os documentos para voltar para Londres, onde mora ilegalmente ha mais de 2 anos. Trabalha fazendo faxina e diz que ama a Inglaterra e não quer voltar tão cedo para o Brasil. É novinha, faz 21 anos de idade amanha. Branca de pele, cabelo tingido de loiro, bem amarelo, e lente de contato azul, ela passaria por Irlandesa se estivéssemos em Dublin.
Hoje é domingo e elas queriam ir a igreja. Ambas são evangélicas. Eu, mais do que rápido, disse que não iria junto. "Nos encontramos depois, então". Fala serio, quase dois anos em Dublin e nunca entrei em uma igreja la. Não seria no meu segundo dia em Torino que eu iria a uma.
Elas seguiram para a Igreja Evangélica e eu fui ao Museu do Cinema. O museu é enorme e fiquei la dentro quase a tarde toda. Muito bom, valeu a pena.
Antes de dormir vou rezar agradecendo pelo meu dia. Não preciso ir a Igreja para isso.

Primeiro dia em Torino




Acordei quase meio dia. Hoje é sábado então não tenho nada a fazer, documentação para a cidadania italiana só segunda-feira. A Maria disse que quer ficar em casa, fazer compras e descansar. Ela me levou ate a estação de trem e eu fui sozinha a Torino.
Fiquei o dia todo passeando por la. A cidade é mais bonita do que eu pensava. Normalmente quando saio de Dublin acho tudo muito mais barato, mas não é o caso desta cidade. O céu estava meio nublado, mas ainda estava uns 20 graus. Choveu no final da tarde e eu estava no meio da rua, não tinha onde me esconder. Fiquei encharcada.
Enviei um cartão postal para os pais do meu namorado, contando onde estou agora e agradecendo a hospedagem. Sai da casa deles dizendo que iria para a Calábria.
Comi porcaria o dia inteiro. Porcaria boa. Pizza no almoço, sorvete de sobremesa e mais pizza no jantar. Se eu continuo assim saio da Itália rolando.
Perdi o trem das oito para Volpiano e tive que ficar enrolando perto da estação ate o próximo, quase dez da noite. Cheguei em casa e a Maria estava preocupada.
Foi um dia bacana, devo voltar a Torino amanha.

Quase fui embora...


Meu trem chegou a Torino sexta-feira a 1 da tarde. Liguei para a Maria e ela me passou o endereço do apartamento onde eu deveria ficar. Eu e as minhas malas fomos ate o local indicado. Eh perto da estação. se eu não tivesse carregando quase 30 kilos a mais seria bem tranqüilo.
Cheguei no prédio... e eu que achava que na Europa nao tinha favela como as do Brasil. Quase fui embora, mas respirei fundo e toquei a campainha. A Maria ainda não estava, tinha me dito por telefone que chegaria em 10 minutos. Subi para ver o apartamento: um só quarto e três pessoas- uma mulher, um homem e um menino de uns 5 anos. Quando eu vi o menino já comecei a me encaminhar para a porta. Dividir o quarto com mais 3 pessoas, sendo que uma delas era criança, não tinha sido o combinado.
Eu não sou fresca, quem me conhece sabe. Quando viajo procuro hostel e não me importo em dividir quarto com quem não conheço. Mas isso porque eu sei que eh por pouco tempo. Eu fui a Torino preparada para ficar no mínimo 2 meses, ate sair minha cidadania italiana.
Desci as escadas com a cabeça a mil: "Volto para a estação e sigo para a Calabria? Deve ser no mínimo 15 mais horas de trem. Não, vou para Dublin de novo e de la eu penso. Ah, tenho uma amiga em Roma que talvez me hospede por um tempo ate eu saber para onde ir". Estava já saindo do prédio quando chega uma mulher e me pergunta "Você é a Paula?".
Eu não ia nem esperar. Disse logo para a Maria "desculpe, mas não vou ficar aqui". Eu disse que não era o que eu imaginava e que não me via naquele lugar. Ela disse que sabe que o apartamento não é grande coisa, mas que afinal eu ficaria la só para fazer os documentos. Disse que o local é bom, pois o fiscal daquela área passa em menos de uma semana. Não adiantava, eu já estava decidida a ir embora. Não sabia ainda para onde iria, mas já era fato para mim que não ficaria ali.
No final, ela me ofereceu a casa dela. Disse que o fiscal passaria em menos de uma semana e ai eu poderia ir para outro local. Ela disse que me liga quando os documentos ficarem prontos e eu volto somente para assinar. Aceitei, mas renegociamos o preço, já que não teria que pagar dois meses de aluguel.
O marido dela, que é italiano, foi nos buscar. Ela mora na comune de Volpiano, longe de Torino, mas uns 20 minutos de trem. É um apartamento grande, muito mais agradável. O meu quarto tem 3 camas, mas eu estaria sozinha naquela noite.
Ela deve ter me achado um nojo. Ficava se desculpando pela bagunça toda hora e dizendo que amanha seria dia da faxina. Eu não estou nem ai pra bagunça, mas seria difícil convencê-la disso depois do meu chilique.
O aquecedor do chuveiro esta quebrado, então tomei banho de balde. Depois fui passear sozinha pelo centro. Tirei dinheiro para dar a ela e comprei um vinho para tomarmos juntas.
Quando voltei, ela estava preparando o jantar. O marido chegou quando já estávamos à mesa. Comemos, tomamos vinho, conversamos, lavei a louca mesmo com ela protestando e acho, ou espero, que ela tenha tido uma melhor idéia de mim no final da noite.
Fui para o meu quarto e fiquei no computador conversando com meu namorado um tempo. Depois, dormi como uma pedra.

Friday, May 8, 2009

A minha saga de Pisa a Torino

Cheguei a Pisa ontem quase meia-noite. Conversei em italiano com o oficial da imigração. Ele queria saber para onde eu iria e quanto tempo ficaria na Itália. "Mas se vai a Torino, por que veio para Pisa?", perguntou. "Looonga historia", pensei. Mas disse que vou fazer turismo de Pisa a Torino, onde irei encontrar a minha tia. Ele sossegou e me deixou passar quando eu disse que moro em Dublin.
Do aeroporto tive que pegar taxi para a estação de trem, que fica ali ao lado e ate teria dado para ir a pe se não fossem as malas, mas que me custou 9 euros.
A estação de trem de Pisa estava cheia de mendigos e gente mal encarada. As bilheterias já estavam fechadas e eu tinha que comprar o bilhete em uma das maquinas "self service". O próximo trem para Torino sairia as 3:28 da manha e ainda era pouco mais de meia noite. Não tinha um policial ou funcionário publico para me proteger de um eventual ataque ou me ajudar com aquela porcaria de maquina de bilhetes. Tentei sozinha, em italiano primeiro e depois em inglês, mas era mais complicado do que eu imaginava. Vendo a minha cara de ponto de interrogação um homem veio me oferecer ajuda. Depois de apertar muitos botões ele anunciou que não tinha mais lugar nesse próximo trem e que eu teria que viajar em pe, por 5 horas, se quisesse pega-lo. Depois desse, o próximo sairia as 6:30. A outra opção, disse-me ele, seria ir para Firenze de ônibus, que sairia da estação em 10 minutos. Firenze é bem maior que Pisa e poderia ter mais opções de trem.
Segui para o ponto de ônibus e, enquanto esperava, um rapaz começou a puxar assunto. Depois de um tempo, ele se aproximou. "Oi, posso me sentar?", "De onde você é?", "O que esta fazendo aqui?", "Para onde vai?", "Qual o seu nome?", "Quantos anos tem?", "Você tem namorado?". Depois de todo o interrogatório ele me disse que a estação de trem em Firenze estaria fechada, mas que eu poderia dormir na casa dele e que me levaria para la de carro no dia seguinte. Agradeci, mas neguei o "gentilíssimo" convite. O cara era insistente. "Eu sou un bravo ragazzo. Faz um ano que não bebo álcool, não fumo e nem como carne de porco". Ele é da Líbia, muçulmano, trabalha em uma pizzaria em Pisa e divide o apartamento com um amigo na periferia da cidade. Finalmente desceu do ônibus bem antes de mim e me fez prometer que eu ligaria. "Nos podemos morar juntos e eu te arrumo residência". Allah, eu mereço!
Bom, cheguei a Firenze e o chato estava certo. A estação só abriria as 4:30 e ainda não eram nem 2 da manha. Eu e as minhas malas fomos procurar um hotel. Estava escuro e as ruas desertas. Andei uns 200 metros e entrei no primeiro que vi. "Esta lotado", disse-me o recepcionista. "Agora você pode tentar daqui umas duas quadras, mas acho que não vai ter ninguém para te atender a essa hora". Olhei para o sofá do hotel três estrelas e perguntei "Você se importa se eu esperar aqui um pouco?". Ele abriu a porta e disse para eu ficar a vontade.
Fiquei um tempo la sentada, olhando pro nada, ate que decidi dar uma volta. "Você se importa se eu deixar as minhas malas aqui? Vou ver se encontro um hotel." Perguntei para ele em inglês. Ele me olhou estranho e respondeu em inglês que não, pois não poderia se responsabilizar se algo sumisse. Eu disse que confio nele e o rapaz abriu a porta do escritório para eu deixar as malas mais seguras. "De onde você é? Você estava falando italiano e depois começou a falar em inglês!", perguntou. Ops, não tinha percebido. "Sono brasiliana. Sono qui per la citadinanza italiana", respondi. E assim começamos a conversar, entramos na Internet juntos e ele viu os horários de trens para Pisa ou Calábria (sim, eu ainda estava indecisa). Ele é da Albânia, mora na Itália ha seis anos. Estuda economia em uma universidade e trabalha de madrugada para pagar as contas. Eu contei um pouco da minha vida e ele riu "você esta sempre mudando". Ele me deu torrada, bolo, café e ficamos conversando ate as 7 da manha - quando sai do hotel para pegar o trem das 7:51. Fazia tempo que não passava toda uma noite em claro. Dormi pouco no trem, acho que umas 3 horas. Cheguei a Torino hoje a 1 da tarde.

Destino final: Torino

Nem Calábria, nem Toscana. Meu destino final, decidido no ultimo minuto do segundo tempo, é Torino - no Noroeste da Itália.
O que aconteceu é que na noite anterior a minha viagem eu estava conversando por MSN com a Liz e ela me indicou a Maria. Disse que esta mulher assessorou três de seus clientes e que todos falaram muito bem dela. Alem disso, seu preço era bem menor do que o dos outros assessores.
Naquela mesma noite eu enviei um e-mail a Maria explicando a minha situação e cotando o preço de seu serviço. Na manha seguinte, no dia da minha viagem, a Maria respondeu meu e-mail. Preço: 1.500 euros mais 350 por mês de aluguel, incluindo almoço e jantar. Ela disse que com ela o processo da cidadania italiana não demoraria mais de dois meses -o que me custaria então a bagatela de 2.100 euros. Os outros assessores que cotei estavam cobrando em torno de 2.500 euros com três meses de aluguel ou 2.000 euros e aproximadamente 250 de aluguel por mês. Ainda achei caro.
Já estava no ônibus, a caminho do aeroporto, e crente de que faria meu processo sozinha na Calábria, quando meu celular tocou. E era a Maria. Por telefone ela me pareceu muito simpática. É brasileira, então conversamos no bom e claro português. Chorei o preço e ela me ofereceu outro apartamento por 150 ao mês. Disse que fica no centro da cidade e que vou ter que dividir o quarto. Chegamos então ao preço final de 1600 euros com dois meses de aluguel inclusos. Ainda se ela baixou bem o preço, não estava totalmente convencida.
Liguei para o Sergio, o dono do meu sofá na Calábria, e ele não tinha boas noticias. Disse que pesquisou um pouco e descobriu que para eu conseguir residência vou precisar do "permesso de soggiorno" - um documento que me permite ficar mais do que 3 meses na Itália. E para isso teria que me inscrever em uma universidade ou então conseguir um visto de trabalho.
Ah, muito complicado! Não quero perder 1 mês ou mais atrás dessa residência, que é só o primeiro passo para dar entrada na cidadania. Acabei fechando com a Maria. Amanha vou conhecer o apartamento e talvez tentar baixar mais o preço. Ainda estou achando caro. Fazer a cidadania com ajuda de um assessor é mais fácil, mas bem menos excitante. Não vou mais para o lugar de onde veio meu bisavô, nem vou mais dormir no sofá do DJ. Ate uma festa eu teria para ir e não vou mais. E Torino nem tem praia. Mas melhor poupar dores de cabeça e conseguir essa cidadania italiana logo.
Vou fazer com a Maria, esta decidido! Pelo menos por enquanto...

Wednesday, May 6, 2009

Ultimo dia na Irlanda







Meu aviao parte hoje a noite de Dublin para a Italia. Nao pretendo mais voltar. Ando pela cidade sentindo uma mistura de tristeza e gratidao. Foram quase dois anos vivendo em Dublin, essa cidade cinzenta, fria, cosmopolita que agora eu conheco tao bem. Se me perguntassem onde eh a minha casa hoje, eh em Dublin que penso.

Cada canto da cidade me traz uma lembranca diferente. Meu primeiro trabalho, a minha escola de ingles, minha academia, o pub onde conheci meu namorado, os varios outros pubs onde trabalhei - e os outros varios onde tomei meus porres. Dublin me deu amigos inesqueciveis de presente. Nao eh facil andar pela cidade que me acolheu tao bem sabendo que sera pela ultima vez. Talvez eu volte para visita-la, mas nao sera mais a minha casa.



Tuesday, May 5, 2009

Fazendo as malas

Passei hoje o dia todo fazendo as minhas malas. Minha irma é uma que sabe o quanto odeeeeio fazer mala, para mim essa é sempre a pior parte da viagem.
Pior é que a porcaria da Ryanair só permite 15 kg por pessoa. Cada quilo a mais são 15 euros a menos no meu bolso. Como eu faço para resumir toda a minha vida em 15 quilos? Por isso estou levando o dia todo nessa tarefa, classificando tudo o que tenho em muito importante, importante, posso-pegar-depois, e vou-ter-que-deixar-pra-alguem.
As coisas muito importantes vou levar na bagagem de mao. As importantes embarco comigo. As posso-pegar-depois deixo com meu namorado, em outra mala de 15 kg, que ele vai levar quando for me visitar. E deixo varias coisas para trás.
Alias, quanta porcaria a gente acumula! E quantas coisas eu acumulei por não conseguir me desfazer delas. Tenho roupas da época da faculdade. Uma calca que ainda tem a mancha da química do laboratório onde eu revelava fotografias. Algo que eu amava fazer, mas já não entro em um laboratório desde 2002, quando me formei. E não, essa calca não foi classificada em vou-deixar-pra-alguem. Ela esta manchada, mas ta boa. Vai comigo pra Itália.
Mexendo na pasta de "documentos importantes" vi a minha carteira de estagiaria da época em que eu trabalhava na Unicamp e tinha só 18 aninhos. Vários recibos e documentos ultrapassados que joguei fora. Dentro da pasta estava um poema que meu primeiro namorado fez para mim quando terminamos. O titulo é "Sinto falta" e, presa por um clipe, uma foto do rosto dele. Já não lembrava mais dessa carta e é claro que ela segue comigo para a Itália.
Ainda não consegui resumir as coisas importantes em 15 kg. Tenho que voltar e me desfazer de mais coisas. Che palle!

Monday, May 4, 2009

Sofa na Calabria


Conheci outra pessoa pelo site CouchSurfing (http://www.couchsurfing.com/) hoje. Sergio Macri, 35 anos, DJ. Ele me ofereceu o sofá da casa dele "pelo tempo que precisar" e eu aceitei. Sei que parece loucura viajar sozinha para a Itália e ficar na casa de um homem que nem conheço. Mas o site tem um esquema de verificação que funciona da seguinte forma: depois que você se hospeda ou recebe alguém na sua casa pelo Couch Surfing, você vai la no "profile" da pessoa e a recomenda. Pode falar bem ou mal. A pessoa não tem como escolher ou apagar o depoimento que você deixou. Pelo perfil do Sergio da para ver que ele já recebeu varias pessoas e também foi recebido quando viajava. Todos falam muito bem dele.
Como sou nova no CouchSurfing, não tenho nenhuma referencia. Ele disse que não costuma hospedar pessoas sem referencia na casa dele, mas que gostou da nossa conversa no Messenger e vai abrir uma exceção.
Hoje, por MSN, ele me ajudou a encontrar um trem que sai de madrugada de Pisa para Reggio Calábria e ficou de me buscar na estação de trem. Por tabela, já tenho uma festa para ir. Ele vai tocar na noite que chego e eu sou convidada. Que chato, ne? :-)

Toscana ou Calabria?

Daqui a três dias viajo para a Itália, chegando a Pisa as 23:35. Eu ia ficar na área Toscana e quando comprei a minha passagem, ha uns 20 dias, Pisa era o melhor lugar para aterrissar. Por que eu ia ficar na área Toscana é uma longa historia... Primeiro porque fica mais para o norte da Itália e eu ouvi dizer que a cidadania italiana sai mais rápido por la do que no Sul, que seria uma mistura de África com Brasil em termos de bagunça e corrupção. Ai eu estava trabalhando um dia na Guinness e atendi uma turista brasileira que mora na Itália. Ela me disse que um amigo dela tirou a cidadania italiana dele em 3 meses em uma cidade da Toscana. Ela me passou o contato desse amigo, que confirmou a historia e disse que a cidade é Lucca, perto de Pisa. Mas, pesquisando preços de aluguel pelo site http://www.affitti-studenti.it/, percebi que o custo de vida no sul é muito menor do que no norte. Praticamente vou pagar a metade do preço do aluguel. O sul da Itália é muito mais pobre do que o norte. O salário também é menor, mas como não poderei trabalhar, compensa ficar onde custa menos. Alem disso, meu bisavô era da Calábria, "Terrone", como dizem os italianos do Norte - uma forma pejorativa de chamar os italianos do sul. Quanto a bagunça e corrupção... também vi pela Internet que ha brasileiros tirando a cidadania pelo sul. Sem contar as praias que tem por la, paradisíacas! Perfeito, já que irei no verão e não poderei trabalhar. A Liz me disse que a outra cliente dela que esta fazendo a cidadania já esta no sul. Sul então, la vou eu! Mas ai o problema: já comprei a minha passagem para Pisa. Entrei no site dos trens da Itália (http://www.trenitalia.com/) e a viagem de Pisa para Reggio Calábria demora umas 10 horas e custa uns 100 euros. Fora que teria que encontrar um hotel para dormir em Pisa para poder esperar o trem e o mais barato que encontrei por la ate agora custa 40 euros. Opção numero 2: Perder a passagem para Pisa e comprar outra Dublin-Sicilia. Custo: 80 euros, saindo dia 13 de maio. Opção numero 3: Comprar uma passagem Pisa - Sicilia. Custo: 60 euros, saindo as 7 da manha do dia 8 de maio. Ou seja, chegaria as 23:35 do dia 7 e passaria a noite no aeroporto para esperar pelo avião que sai pela manha. Estou mais inclinada a opção numero 3. Não quero esperar outra semana para ir para Itália.

Sunday, May 3, 2009

Liz

Não da para falar da minha historia em busca da cidadania italiana sem falar da Liz. Ela é a tia do marido da sobrinha da mulher do meu pai. Foi em uma conversa informal com a Mariana, esposa do sobrinho dela, que eu soube dos seus serviços. "Ela trabalha com isso, recolhe documentos para cidadania italiana", disse ela. Enviei então um e-mail, sem muita esperança. Ela me respondeu perguntando o que sabia sobre a minha família. Meu avo morreu quando meu pai tinha cinco anos. A minha avo já faleceu. Meu pai não tem nenhum documento da família dele guardado. Sabíamos que o avo ou o bisavô dele era italiano. O que sei sobre a minha família? Meu sobrenome: Albocino. Serve? E serviu. Com essa dica ela foi buscando tudo e em pouco mais de seis meses entregou todos os documentos necessários para a solicitação da cidadania, já traduzidos e prontos para legalização. Hoje ela me mandou um e-mail dizendo que outra cliente esta indo para a Itália e que vai organizar de irmos juntas. Nunca a vi pessoalmente, mas é por ela que toda a historia começou.

Resposta da Ilaria

Ilaria eh o nome da italiana que mora em Pisa. Ela disse que realmente costuma dormir cedo, mas que pode me esperar. O único problema é que eu teria que sair da casa junto com eles, às 9h da manha do dia seguinte. Eu agradeci, mas neguei o convite. Meu avião vai aterrissar em Pisa as 23:35. Ate eu passar pela imigração e pegar a mala... Vai saber! Prefiro pagar um hotel, não atrapalhar ninguém e poder dormir um pouco mais no dia seguinte. Alem do mais, eu acho que a intenção desse Couch Surfing é conhecer pessoas e quem te oferece a casa quer te conhecer. Chegando a meia-noite e saindo às 9h da manha não vamos nem trocar 'ois' direito. Faltam cinco dias para eu ir para Pisa e ainda não sei para onde ir quando chegar.

Friday, May 1, 2009

Couch Surfing

Incrível esse site Couch Surfing (http://www.couchsurfing.com/). A tradução seria surfador de sofá, algo do tipo. Através desse site é possível conhecer pessoas que vivem na cidade para onde você vai viajar. O que é sempre bom, pois quem conhece bem a cidade poderá indicar lugares não tão turísticos, mas igualmente interessantes. Alguns ate oferecem o sofá e você economiza a grana do hotel.
Eu já estava cadastrada ha algum tempo no site, mas como sempre viajei acompanhada nunca o usei. Na semana que vem, entretanto, irei para Pisa, sozinha, e chegarei as 11 da noite, com uma mala grande na mao e outra nas costas. Por isso resolvi ativar a minha conta do site e mandar mensagens para moradores da cidade. Contatei somente duas meninas e uma delas me respondeu oferecendo o sofá. Incrível, não é? Ela nem me conhece! E nem eu a conheço... Mas acho bacana esse interesse em conhecer outras pessoas e ajudar viajantes.
Eu respondi que chegarei muito tarde, quase meia-noite, e que se ela dorme cedo prefiro não a incomodar. Ela ainda não respondeu e eu ainda não tenho um lugar para ficar. Mas, ainda assim, adorei a idea desse couch surfing!