Thursday, July 30, 2009

Lula e Serra

Ontem eu estava na universidade e uma eslovena veio conversar comigo. Ela viajou para Ilheus ha uns dois anos e gostou, mas ficou impressionada com a pobreza que viu. Ela tambem me contou que riu muito quando soube que Lula e Serra concorreram a presidencia. Explico: Lula, em sua ligua, significa fazer xixi. E Serra... sim, "make pupu".

Despedidas

Ontem foi meu ultimo dia de aula na Universidade para Estrangeiros Dante Alighieri. O homem que me alugou a casa trabalha na secretaria e conseguiu uma bolsa de estudos para o mes de julho. Nao paguei nada pelo curso.

Foi la onde conheci Maja, Neza, Anja e Domenica. As tres primeiras da Eslovenia e a ultima da Eslovaquia. Conheci tantas outras pessoas tambem, mas essas foram especiais. Fizemos muita festa juntas.

Elas vieram de ferias em julho para estudar italiano. Agora esta acabando o mes e estao todos indo embora.

Ontem foi a despedida da Maja, que era aquela que eu gostava mais. Eh uma eslovena que trabalha como guia turistica e professora de historia da arte no pais dela.

Eu sai tarde do trabalho, mas fui a festa dela que aconteceu em uma praia a uns 10 kilometros de Reggio. O Sergio que me levou. Quando cheguei ja eram quase 3 da manha e quase todos ja estavam indo embora, inclusive a propria Maja. Eu e os poucos que restaram - nove com o Sergio - entramos no mar as cinco da manha e ficamos ate o dia amanhecer.

Todos os dias agora tem uma despedida de alguem. Eu saio do trabalho e vou para as festas cheirando a churrasco, toda suada. E elas todas lindas, recem saidas do banho e descansadas. Amanha sera o ultimo dia das outras tres: Neza, Anja e Domenica.

Eu fico ainda outro mes e terei que me desacostumar com a companhia das meninas.





Trabalho novo

Eu sei que eh arriscado e nao deveria trabalhar ilegalmente, mas nao consigo ficar parada assistindo a minha reserva de dinheiro desaparecer. Comecei segunda-feira passada. O secretario da universidade para estrangeiros, onde eu estava estudando italiano, que me indicou. Disse-me para ir conversar com o Tonino, proprietario do restaurante Braceria.

Quando conversamos ele me disse que tinha acabado de contratar um garcom, mas que teria uma outra vaga. "Voce seria capaz de trabalhar na cozinha?", peguntou-me. Eu disse que nunca tinha trabalhado na cozinha de um restaurante antes, mas que capaz seria sim. Comecei no mesmo dia.

Nao eh uma cozinha tradicional, mas toda aberta com uma churrasqueira grande na entrada e a cozinha no fundo. Eu fico ajudando a preparar os espetinhos de carne, pratos simples que so precisam ser requentados no microondas, cortar alface, fritar batatas... Nada de muito complicado.

No primeiro dia eu estranhei o ritmo de trabalho deles. Eh muito diferente dos restaurantes em que trabalhei em Dublin. La era muito mais formal. Na Fabrica da Guinness, por exemplo, eu tinha que usar um sapato especial anti derrapante para entrar na cozinha. Cada tipo de alimento tinha sua tabua de cortar. Pao na tabua branca, carne na vermelha, verduras na verde e assim por diante. E ai de quem cortasse o pao na tabua azul! Beliscar comida entao, nem pensar.

Aqui eu trabalho com quatro homens, tres da Romenia e um da Sirilanka. Trabalhamos com musica no ultimo volume. Eles fumam na cozinha enquanto preparam a comida e quase nunca usam luva. Comem o tempo todo e bebem tambem. Sao todos muito simpaticos e me tratam super bem. Um deles, o Simone - Simone na Italia eh nome de homem - brinca que sou sua noiva e sempre que temos uma folga me oferece comida, cigarro ou cerveja. Cerveja, sim. Tomei tres ontem enquanto trabalhava. Isso porque eu nao bebi nada comparado a eles.

Ontem foi meu terceiro dia. Eles pagam semanalmente e segunda-feira que vem recebo o suficiente para pagar o aluguel do mes de agosto. Pouco, mas melhor que nada.

Tuesday, July 28, 2009

Conversa com Assessor de Reggio

Quando eu estava trabalhando na pizzaria conheci a Michele. Ela é brasileira e namora um italiano que trabalha como assessor aqui em Reggio. Liguei para a Michele e ela me passou o telefone do Claudio. Eu já tinha o telefone dele, na verdade. Esta ate no blog, em “Assessores por menos de 2.000 euros”. Mas foi mais para que ela não sentisse ciúmes, mulher tem dessas coisas.

Eu tinha muitas duvidas e ele me levou ate seu escritório para conversamos melhor. Minha maior preocupação era estar aqui sem visto depois do dia 8 de agosto. Ele disse que eles não podem me deportar, pois já estou com processo em andamento para reconhecimento da cidadania italiana. Caso a policia me pare, tudo que eu preciso fazer é dizer a verdade e passar o numero do meu processo que esta sendo feito em Torino. Ele me aconselhou, porem, a fazer o documento de permesso de atessa. Com esse documento posso trabalhar e esperar mais tranquilamente pela Não Renuncia.

Se essa foi uma boa noticia, a seguinte não me deixou tão animada. Ele tem uma cliente que esta aguardando a Não Renuncia do Rio de Janeiro há mais de três meses. Isso já me fez mudar de idéia em relação a ir aguardar meu processo em Torino, decidi pagar outro mês de aluguel aqui em Reggio.

Eu contei a ele que a minha relação com a minha assessora de Torino não esta as mil maravilhas. Ele disse que ela não pode fazer nada contra mim. A residência, por exemplo, demora mais de um ano para ser modificada.

Perguntei sobre a cidadania do meu pai e irmãs. Eu queria saber se eles conseguem reconhecer a cidadania no Brasil mais rapidamente por eu ter aberto a pasta da nossa família por aqui. Ele disse que não. Eles teriam que esperar o tempo normal que costuma ser em torno de dez anos. O jeito seria vir fazer na Itália. Para isso, eles teriam que trazer legalizados somente os documentos que faltam por aqui.

Achei o Claudio serio e bem informado. Queria muito te-lo conhecido antes da Maria. Ele me contou que faz a residência do pessoal em Scilla e outras cidades pequenas aqui perto, mas não em Reggio Calabria. Parece que na comune daqui tem um senhor que não gosta de brasileiros e faz de tudo pra atrasar o processo.

Perguntei quanto ele cobra para seus clientes e me disse que seriam 2.000 euros com o primeiro mês de aluguel incluso. Eu disse que tenho alguns amigos que querem fazer, mas não por esse preço. “Sempre podemos dar desconto”, foi sua resposta.

Tropea e Minha primeira hospede do Couch Surfing


Domingo fui a Tropea com as meninas da minha classe. Eu, Maia e Ania da Eslovenia e Domenica da Eslovaquia. Acordamos cedo, as 8.15 pegamos o trem e chegamos la as 9.50. Tropea é uma vila pequena, cheia de lojinhas e restaurantes espalhados por suas ruas estreitas. A cidade é uma graça e a praia paradisíaca. É uma das poucas praias com areia fofa e não pedrinhas. Normalmente o mar é tranqüilo e a água transparente, mas domingo estava super agitado e nos divertimos muito assistindo uma a outra tentando sair do mar e tentando manter a parte de cima e a de baixo do biquíni no lugar onde deveriam ficar.

Quando estávamos no trem retornando a Reggio Calabria o Sergio me ligou perguntando se eu poderia hospedar uma couch surfer por três noites. Ele já tinha aceitado hospedá-la a um tempo, mas sua ex-namorada - com quem ainda mantém uma relação problemática - estava vindo no mesmo dia.

Aceitei porque não posso dizer não ao Sergio, mas estava louca pra chegar em casa, tomar um banho e me recolher no meu mundinho por algumas horas. Eu gosto de ficar sozinha às vezes. Já estava em companhia durante o dia todo e ainda tinha marcado de encontrá-las novamente as 11 da noite.

Pouco depois que cheguei em casa e tomei banho o Sergio veio com a menina. Uma polonesa de 26 anos, atriz de teatro. Simpática, interessante.

Fomos encontrar o pessoal na praia. Éramos em quase vinte pessoas. Dividimos-nos nos carros e fomos a uma praia distante, em Catona – uma vila a uns 10 km de Reggio. Levamos cerveja e um dos garotos do grupo seu violão. Ficamos cantando e conversando ate as 4 da manha. Coitada da minha hospede, tinha passado quase o dia todo no trem e estava cansada. Mas acho que se divertiu também.

Perdi a primeira aula no dia seguinte, mas fui à escola na hora do intervalo. Queria dormir, mas a vontade de reencontrar as meninas foi mais forte.

Saturday, July 25, 2009

Assessores de Merda

Briguei feio com a Maria, a minha assessora de Torino ontem. Tudo comecou com um e-mail meu dizendo a ela que eu estava pensando em ir para la esperar a minha cidadania.

A minha permissao para ficar aqui na Italia como turista vence dia 8 de agosto. Se a minha Nao Renuncia nao chegar antes disso, precisarei regularizar a minha situacao. Ela disse que me enviou um documento pelo correio para que eu possa fazer aqui por Reggio Calabria, mas ate agora nao recebi documento algum.

A Nao Renuncia do Rio de Janeiro esta chegando mais rapido, em aproximadamente 35 dias. A minha foi solicitada dia 19 de junho, por isso acredito que ja deva estar chegando.

De qualquer forma, eu terei que ir a Torino - seja para assinar a Cidadania, seja para regularizar o meu visto com a policia. Por isso, pensei em nao pagar outro mes de aluguel aqui em Reggio e ir a Torino no inicio de agosto.

Ontem eu enviei um e-mail a ela explicando tudo isso. E ai veio sua resposta:
"Oi, Paula !!! Eu espero que chegue logo a resposta.Porque ja chegou a resposta do Polcheira e a tua nao vai demorar. Vc nao precisa ir ate a questura pra pedir permissao para esperar a cidadania. O pedido si faz pelo correio, com o modulo que eu ti enviei ja preenchido.
Vc pode vir sim, e ficar no apartamento de Via Nizza sim , mas todos que ficam hospedados ali mi pagam um aluguel tb. decide vc. Bjs."

Ok, talvez ela tenha se esquecido que quando fechamos o preco em 1.400 euros, ja estaria incluso o aluguel referente aos 10 dias em que eu teria que ficar em Torino para assinar a cidadania e solicitar a documentacao. Entao eu respondi:
"Maria, se vai sair rapido, como voce diz, entao eu nao vou precisar ficar 1 mes inteiro la na Via Nizza. Nao eh? Quando fechamos o preco voce disse que nao poderia baixar muito porque na hora de assinar a cidadania eu teria que ficar uns 10 dias em Torino. Ou seja, eu ja estou pagando!!!"

Rapidamente ela me enviou outro e-mail:
"Paula, eu nunca disse que casa seria gratis. Alem do mais vc ja ficou aqui varios dias sem mi pagar aluguel e nem comida.
Acho que vc nem deveria por essa questao, mas ja que vc si lembrou.
Eu dei desconto bastante pra vc. E si for ficar aqui , os custos vai ter sim, nao tem outro jeito nao.
O meu preço eh de 2.000 por cliente so pra seguir a pratica - fora casa e comida.
Si quiser ficar ai, vc vem assina - volta pra onde vc esta agora, e volta de novo depois pra pegar a identidade e o passaporte."

Esse me deixou bem brava. Ela nunca me disse que somente a assessoria dela custaria 2.000 euros. Antes tivesse dito, pois assim eu nunca teria nem pensando em fechar com ela. O preco inicial dela era 1500 euros mais aluguel. Eu ainda tinha achado caro, mas ai ela me telefonou e ofereceu 1600 euros com 2 meses de aluguel - ja que ela me dizia tambem que nao demoraria mais de dois meses para sair a cidadania em Torino.
Quando cheguei em Torino e vi o buraco onde teria que morar, estava ja indo embora. Ela me ofereceu entao 1400 euros com a primeira semana para dar entrada na residencia e os ultimos dias para assinar a cidadania e fazer a documentacao inclusos. Minha resposta a ela:
"Maria, acho que voce esta me confundindo com outra cliente ou esta se esquecendo das nossas conversas. O seu preco inicial, antes de qualquer negociacao, para seguir o processo - sem aluguel - era de 1.500 euros. Voce nunca me falou de 2.000. Tenho o primeiro e-mail que voce me enviou e te encaminho se quiser.
Eu tinha achado muito caro, pois voce tinha me oferecido um apartamento por 350 ao mes. Eu nem ia a Torino, ja tinha descartado a sua assessoria.
Voce me ligou e disse que entao faria 1.600 com TODOS os meses de aluguel compresos. Ai, entao, eu aceitei.
Fui ate Torino e vi onde teria que morar. Nao gostei. Ja estava indo embora quando voce chegou e disse que eu nao precisaria ficar o tempo todo ali, somente 1 semana para dar entrada nos papeis e mais uns 10 dias na hora de assinar a cidadania. Como eu nao teria que ficar la - como realmente eu nao fiquei - fechamos por 1.400 com esse tempo que eu ficaria em Torino incluso.
Eu ja estou pagando por esses 10 dias que teria que ficar ai, assim como paguei pela semana que fiquei na sua casa. Se eu nao puder ficar em Torino esses 10 dias pelos quais estou pagando, entao sera o caso de renegociarmos o preco.
Ate mais"

Segue a resposta da minha dignissima assessora:
"Paula, eu nao estou confundindo com outra cliente nao. A semana gratis - vc ja ficou e eu dei a comida tb, e vc nao mi pagou nao.
Mais dias agora sera por tua conta. e ainda falta a metade da assessoria , que vc deve pagar assim que chegar a resposta do consulado.
Eu nunca prometi tres meses de aluguel gratis pra ninguem. NEM PRA VC. si vc esta em dificuldades, certamente nao eh culpa minha.
Pra ninguem eu fiz o que fiz pra vc - todos que estao la dentro da casa mi pagaram a vista e o valor integral e pagam o aluguel a vista tb.E pode telefonar e perguntar pra eles. tanto vc conhece.
E nao tenho nada pra renegociar com vc., o trabalho esta feito."

Essa historia da comida eh ridicula. Eu fiquei na casa dela 1 semana e ela me convidava para comer junto com ela e o marido. Ela nunca me falou nada sobre a comida e, na verdade, eles comiam tao pouco que muitas vezes eu saia para "dar uma volta" e na verdade eu comprava uma pizza. Eu ja estava cansada de discutir por e-mail e respondi simplesmente: "Ok, mas voce esta mudando tudo o que tinhamos combinado antes. Vou falar com o Leandro, Gilberto e Liz para nao acreditarem no que voce diz."

Na hora ela me ligou. Foi feia a conversa, se eh que se pode chamar de conversa quando duas pessoas gritam uma com a outra ao mesmo tempo. Enfim, resolvi espera-la acabar seu discurso e depois falei tambem. No final ela disse "Ah, entao ta. Se eu disse isso entao voce pode vir e ficar aqui".

Moral da historia: ela sabia desde o inicio o que tinhamos combinado, so estava tentando tirar uns trocados a mais.

Estou sem vontade nenhuma de ir a Torino, olhar novamente pra cara dela e ainda ter que dar outros 700 euros por nada. Sinceramente, o servico dela nao valeu nem os primeiros 700 que eu paguei e se pudesse voltar no tempo, teria tentado fazer sozinha. A unica dificuldade inicial seria a residencia. Mas fora isso, os assessores nao resolvem nada que nos, com um pouco de paciencia e coragem, nao poderiamos resolver sozinhos.

Tuesday, July 21, 2009

Ilegal na Italia nem pensar

Depois da fiscalizacao da policia no restaurante nao pude mais trabalhar. Para ajudar, meu visto vence dia 8 de agosto e se a cidadania nao sair ate la, poderei ser considerada ilegal.
Desde o dia 14 de maio deste ano, imigracao ilegal na Italia eh crime. Aquele que for pego apos no pais apos receber a carta de expulsao, podera receber uma multa que varia entre 5 e 10.000 euros. Ainda, aqueles que alugarem uma casa para um imigrante ilegal podera ser preso.
A Maria disse que minhas Nao Renuncias devem chegar antes da expiracao do prazo, mas por via das duvidas ficou de me enviar um documento que se chama "Permesso de Atessa". Segundo ela, com ele documento posso ficar legalmente na Italia ate sair a minha cidadania e inclusive me da permissao para trabalhar.
Parece que funciona da seguinte forma: vou ate o correio e apresento os documentos que mostram que estou na Italia aguardando a minha cidadania. Pago 70 euros, ja que nada eh de graca neste pais. Na hora eles me dao um recibo que - de acordo com a Maria - ja me permite trabalhar. Apos uns 15 dias, eu devo comparecer a policia em Torino para me apresentar e receber o Permesso de Atessa.
Ainda nao recebi os documentos que a Maria me enviou. Assim que recebe-los vou atras disso. Ficar ilegal aqui na Italia, nem pensar.

Pensando na Vida... A questao de idade

Quem esta acompanhando a minha vida agora sabe quem é o Sergio. Ele me hospedou por um mês aqui na Itália sem nunca antes ter me visto pessoalmente. Foi viajar por uma semana e me deixou sozinha no apartamento, com todos os seus cinco computadores, duas bicicletas, televisão de plasma, coelho de estimação... E apesar de muita gente duvidar, ele nunca tentou se aproveitar da situação. Enfim, o Sergio é simplesmente a pessoa que confiou em mim antes mesmo de me conhecer e me ajudou mais do que muita gente que eu conhecia.

Apesar de tudo, descobri algo que abalou a minha confiança nele. Um dia, passamos rapidamente na casa dos seus pais. Enquanto ele copiava os documentos que precisava do computador, eu lia o diploma que estava pendurado na parede. Dizia que ele tinha se laureado em Ciências Sociais em Messina - como tinha me dito -, seu nome completo e data de nascimento: 12 de marco de 1964. Eu não sou ótima em matemática, mas rapidinho percebi que ele não tinha 35 anos como tinha me dito antes.

Fiquei em estado de choque. Fiz e refiz as contas umas dez vezes na minha cabeça. Ele falava comigo e eu respondia qualquer coisa, mas não conseguia parar de pensar nisso. Por que ele tinha mentido pra mim?

Dias antes, estávamos na praia conversando sobre o avião da Air France que caiu no caminho de Rio a Paris. Concordamos que essa seria a nossa morte ideal: viajando, assim de repente, tão rápido que pouco deve ter doido e sem passagem pelo hospital. Seu maior medo, disse-me, era o de ficar velho e não poder mais sair explorando o mundo com a mochila nas costas. Ter a mente jovem, mas o corpo frágil não conseguir acompanhar o espírito.

Passaram-se dias e eu nunca comentei nada com ele. O cara me ajudou tanto e se tornou tão amigo que pouco me importava se tinha 35 ou 45 anos. E, pensando bem, hoje eu o entendo perfeitamente. Pior, comecei a fazer o mesmo.

Outro dia estava eu, sozinha, na praia, quando chegou o salva-vidas e começou a conversar comigo. Eu não sei quantos anos ele tem, mas pela carinha deveria ter uns 22. Logo no inicio da conversa ele perguntou a minha idade. Ah, estou cansada da cara de espanto que me fazem quando digo a verdade! Mandei que ele adivinhasse. “Vinte e cinco”, respondeu ele. “Adivinhou!”, disse eu.

Fiz sem maldade, não precisaria enganar o rapaz, não tinha o menor interesse nele. Mas quando conheço gente muito jovem, na faixa dos 20 e poucos, eles se assustam de verdade quando digo que já tenho quase 30. E eu me sinto mais velha ainda. E isso nos distancia logo no inicio. Menti e depois fiquei pensando que tinha acabado de fazer o mesmo que o Sergio fizera.

Ontem, conversando a sos, ele me confessou sua idade. Eu disse que já sabia e contei do episodio na casa dos pais dele. Seu melhor amigo tem 25 anos e não sabe a verdadeira idade do Sergio. Senti-me privilegiada, pois ele me contou um dos seus maiores segredos.

Tanto eu quanto o Sergio levamos um estilo de vida “alternativo” para as nossas idades. Digamos que a maioria dos colegas de classe do Sergio a esse ponto já tenham filhos, são casados ou separados e não viajam por ai com mochila nas costas dormindo em saco de dormir. As meninas que estudaram comigo já estão formando família e com a carreira definida.

Mas, se eu tivesse que escolher, não trocaria a minha vida pela delas. Adoro minha liberdade. E não pense que ela não tem seu preço, pois tem. E custa caro. Às vezes, paga-se a liberdade com a solidão. Outras com um trabalho que não é aquele sonhado, mas que te permite pagar o aluguel no final do mês.

E assim como a liberdade, amo a vida. E ela também tem seu preço. Por que tudo que é bom custa tão caro? No caso da vida, a moeda são os anos e o preço é a velhice. Mas se só envelhece quem esta vivo, que venham os anos então. Só não precisam vir tão depressa...

Friday, July 10, 2009

Policia no trabalho

Estava tudo normal na pizzeria hoje. Cheguei as 6.30, arrumei o estoque de bebidas, comi uma pizza com as meninas que trabalham comigo, arrumei o bar e estava preparada pra encarar o trabalho ate as 2 da manha - assim como ontem. De repente chegou o dono do local, chamou todas as meninas e mandou que nos sentassemos em uma das mesas como se fossemos clientes. Eramos seis trabalhando hoje e somente uma eh regular, ou seja, registrada. O resto trabalha em "nero".
Outro dia ele nos chamou e ensaiou conosco. "Se chegar alguem perguntando sobre o trabalho, digam que voces comecaram ha 3 dias, sao registradas, mas deixaram a carta em casa. O horario de trabalho eh das 6 as 11 e o salario eh de 600 euros por mes".
Trabalham comigo uma brasileira que tem a cidadania italiana, duas polonesas, uma Hungara e uma italiana menor de idade. Somente uma das polonesas eh registrada e a coitada teve que ficar um bom tempo trabalhando sozinha hoje a noite enquanto fingiamos ser clientes. A multa por cada funcionario nao registrdo eh de 3.000 euros.
Ele estava especialmente preocupado comigo, pois alem de nao ter registro, nao sou europeia (ainda) e nao poderia trabalhar.
Enfim, as outras continuaram trabalhando sem avental e com a historia ensinada na ponta da lingua. Eu fui para casa. Nao sei o que poderia acontecer comigo se me pegam trabalhando, pois o que estou fazendo eh ilegal. Talvez ate atrapalhasse no meu processo de cidadania. Melhor nao pagar pra ver.

Friday, July 3, 2009

Duas Nao Renuncias

Recebi uma ma noticia da Maria... A Comune de Torino solicitou a minha Nao Renuncia para Sao Paulo e para o Rio de Janeiro tambem. Meus documentos sao todos de Sao Paulo, mas foram legalizados no Rio.
O tempo de espera para envio da Nao Renuncia em Sao Paulo eh de menos de 1 mes. O Rio demora mais. Ou demorava, nao sei. A Maria me enviou o seguinte e-mail:
"Boa Tarde, Paula !!!Eu ja escrevi ao consulado do RIO - que eh o pior - e estou tentando um contato la dentro pra responder urgentemente.Mas esse consulado costumava demorar 4 a seis meses - agora NAO MAIS. eles tem respondido no MAXIMO EM DOIS MESES.MAS ESTOU PROCURANDO AJUDA PRA SER MAIS RAPIDINHO. Ate mais."

Espero que ela consiga esse contato, entao. Meu visto na Italia vence mes que vem.

Home, sweet home

Faz um tempao que nao escrevo no meu blog. Pudera, nao parei 1 minuto. Primeiro veio meu namorado. Viajamos pela Sicilia e fomos ate Roma, onde ele pegou o aviao de volta para Dublin e eu aproveitei para renovar meu passaporte que estava vencido.
Assim que voltei de Roma sai da casa do Sergio e comecei a morar no apartamento onde estou agora. Eh otimo, bem no centro da cidade e posso hospedar quem eu quiser.
Eu mal entrei na casa nova e chegou a Thais. Fui busca-la em Palermo e ficamos passeando pela Sicilia por 4 dias. Dormimos em dois couch surfers, um em Palermo e outro em Catania. Subimos o Etna e passamos uma noite inteira dancando na praia. Quando a Thais esta eh tudo festa.
Ela foi embora ontem e eu estou de volta a vida normal. Quero trabalhar mais, estudar italiano e parar de viajar um pouquinho. Viajar eh otimo, mas tambem cansa.